quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Reflexões em torno da Web


Parece que é sempre assim: surge uma novidade e junto com ela o sentimento coletivo de reviravolta total, de fim dos padrões existentes até então. Receios nem sempre com fundamento... Percebemos isso com o advento da TV – o rádio não sumiu... O videocassete (e posteriormente os DVDs) não suplantaram o cinema... Até o medo inicial em torno da Internet, de que levaria o indivíduo ao isolamento social e distorceria a construção de identidades...





Em "A Galáxia da Internet", em uma edição ainda de 2003, Castells desconstrói uma série de mitos em torno desta temática, relatando pesquisas que mostram exatamente o contrário: o surgimento de novos suportes tecnológicos para a sociabilidade, atuam com maior eficácia para a manutenção de laços fracos (que de outra forma, possivelmente, seriam perdidos) e o principal, a meu ver, meio usado para que o sujeito possa se perpetuar, concretizar desejos pré-existentes e não identidades artificiais. Nas palavras do próprio Castells, a Internet é em todas as suas dimensões e sob todas as suas modalidades, a extensão da vida como ela é.


Tudo isto, antes da mudança de perfil daquilo que viemos a chamar de World Wide Web, ou Web, um programa navegador (browser) criado em 1990, pelo programador inglês Tim Berners-Lee em colaboração com Robert Caillian. Em 2004, Tim O’Reilly cunha o termo que demarca a transição de um padrão estático para a possibilidade de participação, alteração, criação do usuário, que deixa o papel de internauta para assumir a postura de utilizador.


A Web 2.0 não abandona o caráter comercial que marcou a Web 1.0, mas implementa-o. E abre também novas possibilidades. As empresas agora, como vemos bem com o exemplo da Google, aproveitam as produções daqueles que contam com os seus serviços e geram novos serviços – o Google Books ilustra bem isso. A mudança de perfil das plataformas, com a oferta das ferramentas necessárias às implementações dos sujeitos é outro ponto a destacar.





As possibilidades de construção colaborativa a partir das wikis rompem as barreiras de espaço e tempo. Porém, considero que o mais formidável de tudo isto seja o fato de se tratar de um meio de comunicação acessível a qualquer pessoa. Mesmo que, por razões óbvias, ainda não esteja disponível para uma grande parcela da população mundial – e talvez nunca esteja mesmo. Mas aqueles que têm acesso têm o livre arbítrio de fazer o que consideram necessário.


Um caminho que dribla o controle e as limitações dos veículos hegemônicos e se põe a serviço de diversos grupos organizados, comunidades, associações, indivíduos que buscam por seus pares e que nunca teriam chance de divulgar, compartilhar, trocar suas produções, idéias, anseios se não fosse a Web. Ou melhor, a Web 2.0.





Não entendo como a solução para os problemas da humanidade e até reitero a importância de algumas críticas, como as apontadas por Romaní e Pardo em "Planeta Web 2.0: Inteligencia colectiva e médios fast food". Mas reforço que é preciso reconhecer a força desta transformação e as adequações necessárias a partir dela. Um exemplo claro é o contraponto à lei de direitos autorais com a criação da licença Creative Commons. Mudanças que nos levam, no mínimo, a refletir sobre a nossa prática profissional.

3 comentários:

Vanessa disse...

Legal Rita, fico feliz que voce esta tocando os exercicios, parabens. Ficou legal o blog. O Castilho deve passar com comentarios mais construtivos.
Abracos,
Vanessa

Rita Virginia Argollo disse...

Vanessa, estou quebrando a cebeça, mas adorando a idéia! Obrigada pelo apoio sempre!

Wilson Mário disse...

Rita,



Seu blog possui um bom lay out. E o conteúdo de bom nível.

Abraços,

Wilson Mário